quarta-feira, 23 de abril de 2014

Modernismo

O quer significa ?
Chama-se genericamente modernismo (ou movimento modernista) o conjunto de movimentos culturais, escolas e estilos que permearam as artes e o design da primeira metade do século XX. Apesar de ser possível encontrar pontos de convergência entre os vários movimentos, eles em geral se diferenciam e até mesmo se antagonizam.
Encaixam-se nesta classificação a literatura, a arquitectura, design, pintura, escultura, teatro e a música modernas.
A palavra moderno também é utilizada em contraponto ao que é ultrapassado. Neste sentido, ela é sinónimo de contemporâneo, embora, do ponto de vista histórico  cultural, moderno e contemporâneo abranjam contextos bastante diversos. 

Módulo 9 - Textos Lirícos

Modernismo 
   - Na Literatura
   - Na pintura
          - Santa Rita Pintor
          - Almada Negreiros
          - Amadeu de Sousa Cardoso
    - Biografia e Bibliografia de Fernando Pessoa

sexta-feira, 21 de março de 2014

Critica à humilhação dos humildes Cesário Verde

A humilhação 

 A humilhação sentimental:
-          a mulher formosa, fria, distante e altiva («Esplêndida; «Deslumbramentos», «Frígida»);
-          a mulher fatal da época / a humilhação do sujeito poético tentando a aproximação («Esplêndida»);
-          a mulher burguesa, rica, distante e altiva / a humilhação do sujeito poético que não ousa aproximar-se devido à sua baixa condição social («Humilhações»);
-          a mulher fatal, bela e artificial, poderosa e desumana / a consequente humilhação do poeta («Deslumbramentos»);
-          a mulher fatal, pálida e bela, fria, distante e impassível que o poeta deseja e receia / a humilhação e a necessidade de controlar os impulsos amorosos («Frígida»).


• A humilhação estética:
-          a revolta pela incompreensão que os outros manifestam em relação à sua poesia e pela recusa de publicação por alguns jornais («Contrariedades»).


• A humilhação social:
-          o povo comum oprimido pelos poderosos («Humilhações»; «Deslumbramentos»);
-          o abandono a que são votados os doentes («Contrariedades»);
-          o povo dominado por uma oligarquia poderosa («Deslumbramentos»)

Cidade/ Campo de Cesário Verde


  • Cidade  (Lisboa)
     

-          espaço tecnizado e artificializado pelo Homem, simboliza:
-          aprisionamento
-          injustiça
-          humilhação
-          impossibilidade do amor
-          morte, doença

     A cidade é um espaço soturno, opressor, onde tudo sufoca e reflecte a dor humana.

  • Campo (Linda-a-Pastora)

-          espaço natural e puro, simboliza:
-          recusa da opressão e possibilidade do exercício da liberdade
-          plenitude
-          expressão idílica do amor
-          tranquilidade
-          vida, fertilidade, força, vigor

     É do campo que Cesário recebe força e vitalidade (mito de Anteu); fora dele, o poeta sente-se fraco e doente.

Vida e obra de Cesário Verde

Biografia
José Joaquim Cesário Verde nasceu no dia 25 de Fevereiro de 1855 em Lisboa e foi baptizado na Sé, no dia 2 de Junho do mesmo ano.

O pai, José Anastácio Verde, abastado burguês, era comerciante e lavrador: além de se ocupar da sua loja de ferragens, dedicava-se também à lavoura numa quinta em Linda-a-Pastora, propriedade da família Verde desde 1797.

Foi na quinta da família que Cesário  passou grande parte da sua infância, juntamente com os seus três irmãos, Júlia, Joaquim e Jorge, e na quinta se refugiara por diversas vezes ao longo da sua vida. Foi, portanto, entre esta quinta em Linda-a-Pastora e as várias residências que a família Verde tinha na capital que Cesário passou a sua breve vida.

Cesário cresceu num ambiente abastado, senão mesmo rico. 
Consequência da profissão, e talvez da época, predominava na família um conceito de vida utilitário e mercantil, avesso a preocupações religiosas e estéticas

Segundo se conjectura, deve ter começado a trabalhar na loja ainda criança, visto que era o mais velho dos irmãos. Sabe-se, sim, que tinha dezassete anos quando, em 1872, começou oficialmente a trabalhar na loja do pai, como correspondente comercial. 

Com apenas vinte e quatro anos, substitui o pai na direcção da firma, alargando os negócios. Em 1883, empreende uma viagem a Paris, para tentar assinar um contrato de exportação de vinho português. Apesar de poeta, desde a década de 70 que Cesário não mais deixara de estar envolvido no universo dos negócios, sobretudo na exportação de legumes e fruta para Inglaterra, França, Alemanha, América do Norte e Brasil.

Em Outubro de 1873, Cesário Verde matriculou-se, como aluno voluntário, no Curso Superior de Letras, mas não se apresentou aos exames finais nem voltou a inscrever-se.

No mesmo ano, começa a publicar os primeiros poemas no "Diário de Notícias", onde é apresentado como um moço quase imberbe, ingénuo, rosto e alma serena, fronte espaçosa, olhar prescrutador, cheio de aspirações elevadas. A recepção aos poemas publicados foi péssima. 

Os leitores, habituados ao sentimentalismo romântico, detestaram aqueles versos sobre a realidade quotidiana da cidade e do campo; mesmo os escritores da geração realista (Ramallho Ortigão, Teófilo Braga e Fialho de Almeida, que acabariam por admirar a obra de Cesário), começaram por lhe fazer críticas demolidoras. O poeta, incomodado com esta incompreensão, escreve no poema "Contrariedades", datado de 1876Agora sinto-me eu cheio de raivas frias, / Por causa dum jornal me rejeitar, há dias, / Um folhetim de versos.

No entanto, continua a escrever e a conviver com alguns amigos ligados às letras, como o poeta Gomes Leal, Macedo Papança (Conde de Monsaraz) e sobretudo Silva Pinto, o seu colega de faculdade e amigo até à morte. A partir de 1881, convive com os artistas e literatos do "Grupo do Leão".

Da sua vida sentimental nada ficou registado, mas alguns dos seus biógrafos referem uma ligação pouco pacífica com a actriz Tomásia Veloso, cujo namorado terá mesmo agredido Cesário num gesto de ciúmes.

Numa carta que em 1877 escreve ao seu amigo Macedo Papança, Cesário queixa-se de problemas de saúde e este é o primeiro sinal da doença que entrara na casa da família Verde como em muitos lares daquele tempo - a tuberculose. De facto, em Abril de 1872, morrera, aos dezanove anos, vítima de tuberculose, a sua "doce irmã" Júlia e, dez anos mais tarde, a mesma doença vitimaria o irmão Joaquim, que contava apenas vinte e cinco anos.

Cesário lutava contra a falta de saúde mas, a partir de 1884, a tuberculose progrediu e o poeta viu-se obrigado a procurar os ares do campo, refugiando-se na sua quinta em Linda-a-Pastora, depois em Caneças e, por fim, no Lumiar. É aí que, a 19 de Julho de 1886, pelas cinco horas da manhã, após proferir "Não quero nada, deixe-me dormir", morre. Tinha trinta e um anos.


Bibliografia
O Livro de Cesário Verde foi editado por Silva Pinto, seu amigo dedicado, meses após a morte do poeta, em Abril de 1887. Esta edição, com uma tiragem limitada a 200 exemplares e destinada apenas a ofertas, era constituída por 22 poemas e apresentava-se dividida em duas secções, intituladas Crise Romanesca e Naturais. Incluia ainda uma Dedicatória e um Posfácio, ambos dirigidos a Jorge Verde, o irmão mais novo de Cesário e o único sobrevivente. Só mais tarde, em 1901, com a segunda edição, O Livro de Cesário Verde entrava no circuito comercial.
Embora nas várias reedições da obra  se tenha sempre respeitado a estrutura inicialmente estabelecida para o livro, desconhece-se hoje se Silva Pinto, ao editar o livro, obedeceu a indicações expressamente deixadas por Cesário ou se, pelo contrário, a selecção de poesias e a sua distribuição por secções resultam inteiramente da interpretação crítica do seu amigo. Não obstante estas dúvidas, podemos encontrar em "Crise Romanesca" Responso, Ironias do Desgosto, Esplêndida, Deslumbramentos, Fígida, SetentrionalContrariedades, A Débil, Num Bairro Moderno, Em Petiz,Cristalizações, O sentimento dum Ocidental Nós são já poemas incluídos em "Naturais".
Entretanto, compreendeu-se que o conhecimento das poesias publicadas em jornais e revistas, e excluídas d`O Livro de Cesário Verde, contribuiri vantajosamente para o estudo da evolução poética de Cesário. Por essa razão, acrescentaram-se ao livro as "poesias dispersas", embora respeitando integralmente a estrutura da obra editada por Silva Pinto. Destas poesias, fazem parte Arrojos, Lúbrica, Cinismos, Proh Pudor, Manias.
Apesar de todos os esforços, a ordenação destas composições e das que foram incuídas n`O Livro nem sempre se baseia, como seria desejável, na data da elaboração dos poemas, visto que um incêndio ocorrido na quinta em Linda-a-Pastora destruiu, segundo se pensa, todos os manuscritos de Cesário e a sua biblioteca, pelo que a ordenação é sempre baseada nas suas temáticas.

Parnasianismo

Corrente literária surgida em França, com a publicação em 1866 da revista Parnasse Contemporain, que se propunha valorizar a componente estética dapoesia (o chamado ideal de arte pela arte) e reagir contra o sentimentalismo da poesia romântica, e cujos principais representantes foram ThéophileGautier, Leconte de Lisle e Théodore Banville. 
Em Portugal, podemos relacionar com o Parnasianismo um grupo de poetas aglutinados em torno da revista A Folha, publicada entre 1868 e 1873, dos quaisse destacaram João Penha (1838-1919), diretor desse órgão, António Feijó (1859-1917) e Gonçalves Crespo (1846-1883), havendo, contudo, laivos deParnasianismo em muitos outros poetas como Gomes Leal (1848-1921) e Cesário Verde (1855-1886). Os parnasianos propunham uma poesia descritiva,pictural, plástica, com uma versificação perfeita e musical.

quarta-feira, 19 de março de 2014

Sarau literário na obra "Os Maias"

O episódio consta no capítulo VXI e caracteriza-se pela superficialidade dos temas das conversas, a insensibilidade artística, a ignorância dos dirigentes, a oratória oca dos políticos e os excessos do Ultra-Romantismo.
Este episódio tinha como objectivos, ajudar as vítimas das inundações do Ribatejo; apresentar um tema querido da sociedade lisboeta: a oratória; reunir novamente as várias camadas das classes mais destacadas, incluindo a família real; criticar o ultra-romantismo que absorvia o público e contrastar a festa com a tragédia.

terça-feira, 18 de março de 2014

Impressa na obra "Os Maias"

O jornal A Tarde aparece em Os Maias dirigido pelo Neves, deputado, político. 
É neste jornal que Ega consegue a publicação da carta do Dâmaso não  como represália da injúria feita Carlos da Maia, mas também para se vingar de uma possível ligação daquele com a sua ex-amante Raquel Cohen. 
Todo o diálogo do Ega com o Neves e outros funcionários do jornal lisboeta mostra a atmosfera política, o cinismo e a parcialidade do jornalismo. Este está, também, patente na redação de uma notícia   sobre o livro do poeta Craveiro, por pertencer "cá ao partido", mas sobretudo quando Gonçalo, um dos redatores do jornal, depois de exclamar "Que besta, aquele Gouvarinho!" e de o considerar "uma cavalgadura" afirma que "- É necessário,homem! Razões de disciplina e de solidariedade partidária...  uns compromissos... O Paço quer, gosta dele...".E tudo isto acontece pois " -   umas questões de sindicatos, de banqueiros, de concessões em Moçambique...Dinheiro, menino, o omnipotente dinheiro!".